O câncer de pâncreas é uma das neoplasias malignas mais desafiadoras da medicina moderna. Por crescer de forma silenciosa, costuma ser diagnosticado em fases avançadas, o que limita as opções de tratamento. No entanto, quando detectado precocemente, a cirurgia pode representar a principal chance de cura.
Neste artigo, você vai entender como é feito o diagnóstico do câncer pancreático, quando a cirurgia é indicada e quais avanços têm melhorado os desfechos para os pacientes.
O que é o câncer de pâncreas?
O pâncreas é um órgão localizado na parte superior do abdômen, responsável pela produção de enzimas digestivas e hormônios como a insulina. A maioria dos tumores pancreáticos malignos tem origem nos ductos exócrinos (adenocarcinoma ductal pancreático), representando cerca de 90% dos casos.
Fatores de risco
Embora o câncer pancreático possa surgir sem causa aparente, existem fatores associados ao seu desenvolvimento:
- Idade avançada (acima de 60 anos);
- Tabagismo;
- Pancreatite crônica;
- Diabetes mellitus recente;
- Histórico familiar ou genético (síndrome de Lynch, BRCA1/2);
- Obesidade e dieta rica em gorduras.
Sintomas: silencioso, mas com sinais de alerta
Nos estágios iniciais, o câncer de pâncreas pode ser assintomático. Quando os sintomas aparecem, muitas vezes indicam doença já avançada:
- Icterícia (pele e olhos amarelados);
- Dor abdominal que irradia para as costas;
- Perda de peso não intencional;
- Fadiga e inapetência;
- Fezes claras e urina escura;
- Diabetes de início recente, especialmente em pessoas magras.
Esses sinais devem levantar suspeita, especialmente quando combinados.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico requer uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. As etapas principais incluem:
1. Exames de imagem
- Ultrassonografia abdominal: exame inicial, mas com baixa sensibilidade para tumores pequenos.
- Tomografia computadorizada (TC): método mais utilizado para avaliar localização, extensão e possíveis metástases.
- Ressonância magnética (RM): útil em casos específicos, especialmente na avaliação de ductos.
- Colangiorressonância ou CPRE: importantes em casos com obstrução biliar.
2. Marcadores tumorais
- CA 19-9: marcador tumoral que pode estar elevado, embora não seja específico. Serve mais para acompanhamento do que para diagnóstico isolado.
3. Biópsia
A confirmação do câncer é feita com análise histopatológica do tecido pancreático, geralmente obtido por punção guiada por endoscopia (Ecoendoscopia).
Quando a cirurgia é indicada?
A cirurgia é o único tratamento com potencial curativo no câncer de pâncreas. No entanto, apenas cerca de 15 a 20% dos pacientes são diagnosticados com tumor ressecável (operável) no momento do diagnóstico.
A ressecabilidade depende de:
- Tamanho do tumor;
- Envolvimento de vasos sanguíneos importantes;
- Presença de metástases;
- Estado clínico geral do paciente.
Tipos de cirurgia
A escolha da técnica depende da localização do tumor no pâncreas:
- Pancreatectomia cefálica (cirurgia de Whipple): indicada para tumores na cabeça do pâncreas. Envolve a retirada da cabeça do pâncreas, duodeno, vesícula biliar e parte do estômago.
- Pancreatectomia corporal-caudal: indicada para tumores no corpo ou cauda do pâncreas. Pode incluir a remoção do baço.
- Pancreatectomia total: retirada completa do pâncreas em casos selecionados.
Com o avanço das técnicas minimamente invasivas e da cirurgia robótica, essas operações estão se tornando mais seguras e com melhor recuperação pós-operatória.
E quando não é possível operar?
Nos casos em que o tumor é considerado localmente avançado ou metastático, a cirurgia não é indicada. O tratamento envolve:
- Quimioterapia: pode ser usada para controle da doença ou, em alguns casos, para reduzir o tumor e torná-lo operável.
- Radioterapia: indicada em casos selecionados.
- Cuidados paliativos: manejo da dor, nutrição e obstruções digestivas ou biliares para melhorar a qualidade de vida.
Prognóstico
Apesar dos desafios, o prognóstico tem melhorado nos últimos anos com diagnóstico mais precoce, centros especializados e protocolos de tratamento multimodal.
Estudos mostram que pacientes operados com margens livres e sem linfonodos comprometidos podem ter sobrevida de 5 anos superior a 25%. Já em casos avançados, o foco é o controle da progressão e alívio dos sintomas.
Conclusão
O câncer de pâncreas exige atenção especial pela sua gravidade e pelo comportamento silencioso. O diagnóstico precoce e a avaliação por uma equipe especializada aumentam significativamente as chances de tratamento bem-sucedido.
Se você tem sintomas persistentes ou fatores de risco, não adie a avaliação médica.
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Cirurgião especializado em pâncreas, fígado e parede abdominal. Atendimento humano, diagnóstico ágil e conduta precisa para os casos mais complexos.